sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Vida

Viver numa cidade pequena é duro depois que você já viveu muito numa cidade pequena, e as coisas se tornaram classificáveis. É preciso não ser nem muito cínico e nem muito observador para se divertir. Missão complicada.
Você percebe que não suporta mais um lugar quando usa todo seu tempo livre nele para dormir.
Quando me ví nessa situação resolvi que tinha chegado a minha hora.
Durante um tempo desejei fazer parte do lugar, afinal, eu me considerava um deles. Não sou nenhuma beldade, nem rica, sofro igual a um cão por coisa nenhuma ou por todas as coisas, não tenho saco de me vestir muito bem e, ora bolas, escrevo.
Eu sempre soube bem o que queria, sempre. E quando se sabe onde quer chegar você realmente chega, não se perde pelo caminho.
A velocidade de tudo foi só o que me amedrontou, mas o tempo do Pai Celeste é bem diferente do nosso e as coisas sempre acontecem no tempo Dele.
Hoje vejo como cada pecinha se encaixa, cada situação foi um degrauzinho que me trouxe até aqui. E aqui estou.
Então começam a imaginar o mundo maravilhoso dos grandes salários. Salões de beleza funcionando às quatro da manhã, só pro povo da vida desregrada. Cinemas, teatros, parques, livrarias, cafés, cursos, aulas, lojas de sapatos, bolsas e vestidos. Sei que tem uma ou outra livraria, sei que tem vários supermercados e academias. Mas não falo de um mundo de lojas de conveniência ou socorro. Não é dentista, veterinário e ambulância. É vida mesmo. Diversão. É a vida que gira em torno de mim e só. Que não permite a mim, e graças a Deus, nem ao proximo, tempo para cuidar de outras vidas. Sei que é impossível fazer tudo sem trânsito e sem celular tocando, que é cansativo marcar reunião enquanto os outros dormem e dormir enquanto o mundo tenta virar a mesma esquina e não se matar. Mas não deixa de ser vida, e boa vida! Será vida enquanto exister amor, coragem e boa vontade. Será vida enquanto você fizer parte das minhas recompensas.

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