terça-feira, 28 de julho de 2009

Ludy-mousse-de-limão

Essas, por motivos que vocês que me lêem sabem muito bem, foram as férias da faculdade que mais desejei. E agora surpreendentemente me pego implorando pela volta as aulas.
Não sei mais o que fazer das minhas noites durante a semana, ainda por cima me aparece uma história que, por causa da gripe suína, elas podem ser adiadas. Beleza hein!

Em relação aos finais de semana já desisti faz tempo: noites povoadas por pessoas com às vezes o dobro da minha idade e metade do meu bom senso. Eu passo.
A saudade bate e eu como.

Como... E como como!

Hoje, 1h30 da manhã, um desejo: Mousse de limão. Abro a geladeira e encho o copo. Enquanto como e assisto "friends" (toda cura para todo mal) vou filosofando:

- Eu sou igualzinha a aquele mousse de limão. Ninguém sabe dizer com certeza se é mais azedo que doce ou mais doce que azedo, mas gostam.

Me recordei rapidamente de todas as pessoas e coisas que perdi por ainda não estar preparada para elas, ou por ainda ter muita curiosidade de mundo e dificuldade em ser permanente. Enfim chorei o fim de tudo, assim é a vida, uma morte a cada dia. Depois, como sempre, limpei o rosto e continuei procurando o que fazer nessas noites frias.

Num canal um filme muito romântico, não tô no clima. No outro ação, não curto. No outro terror, tenho medo. No outro uma comédia que já ví.
Recordei de amigos e parentes distantes, aqueles que eu sempre deixo pra depois porque moram muito longe ou acabaram se tornando pessoas muito diferentes de mim, sempre penso “mês que vem faço contato com eles”. E se não tiver mês que vem? Preciso perder essa mania besta de deixar tudo pra depois.

Não gosto disso... Não gosto daquilo... Preciso fazer... Preciso mudar... Eu deveria é parar de me cobrar. Mas na verdade, descobri que estar sempre insatisfeito é o que faz a gente nunca desistir de seguir em frente e quem sabe um dia se encontrar nesse mundo.

Vim escrever, pois, pior que uma garota que fala o que pensa é uma que escreve tudo que pensa. Me sinto poderosa nessa hora.

Ah! Já contei pra vocês todos que, pela primeira vez na vida, depois de tanto tempo, ele me ligou e eu não atendi, por pura preguiça de andar pra trás ou aceitar um amor de quem tem medo de esperar pelo amor? Ponto pra Ludynha!

Também preciso contar que eu não acho mais que fulana passou do peso, que fulana passou da conta de imbecilidades e que fulano se esqueceu de ser real. Ema, ema, cada um com seus problemas. Eu apenas queria dizer que eu tô bem em forma, tô bem comigo, com meus amigos, com meu desapego, com meus trabalhos, com minha família, sou bem bacana e, graças a Deus, tenho plena certeza do que vim fazer nesse planeta.

Aproveito o ócio e a insônia para escrever pela primeira vez um texto direcionado a todos e não a uma pessoa específica. O vazio às vezes me deixa nervosa e irritada mas parei e pensei: chega de se boicotar minha filha, tá na hora de você ser muito feliz.

-JEMT, tá na hora da gente ser muito feliz. Primeiro porque somos de verdade, depois porque somos filhos de Deus e, pra terminar, porque existe escova progressiva e cartão de crédito!

Muito obrigada por todos os e-mails maravilhosos que eu recebo todos os dias, por todas as palavras de incentivo e carinho. Por todos os recadinhos no Orkut, obrigada followers do twitter. Obrigada pelos comentários aqui no blog, obrigada a você também que passa e não deixa nada (apesar de eu preferir que deixasse). Vocês me dão a certeza de que eu estou exatamente onde eu deveria estar. Vocês fazem valer a pena todo o sacrifício, muitas vezes solitário, de ser uma pessoa sem medo de sentir de verdade a vida aqui dentro e coloca-la para fora.
Agora vou continuar aqui ouvindo a musiquinha tema da série Dawnson's Creek (I don't want to wait) e rindo em minha senzalinha fria, por ter tido coragem de contar à vocês a filosofia boba do mousse de limão.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Despertar

Sei que se conselho fosse bom a gente vendia, mas eu preciso falar:

Tem homem que tem medo de compromisso. Tem homem que tira a aliança pra sair a noite e se passar por solteiro. Tem homem que começa a namorar mas continua sendo solteiro pras peguetes dele, pois ele sequer dará alguma pista. Tem homem que começa e termina namoro e continua prospectando novas interações por onde passa. Mas tem também aqueles que fazem declaração pública de amor e são bregas, Wandos ou jogadores de futebol. Falar de amor é brega. Expor que você ama é brega multiplicado por vinte. E tatuar nomes em partes do corpo só sendo pagodeiro mesmo. FATÃO.
Mas então o que é que você procura?
Como disse um grande amigo meu num comentário nesse blog: "Todos os caminhos estão errados, quando não se sabe para onde quer ir."

Vez em sempre me pegava me chacoalhando e dizendo: "Acorda Ludymila!"
Mas a questão não é acordar. Você pode estar de olhos abertos e com a visão limitada.
A questão é: DESPERTAR.
É querer enxergar o real, o que serve o que não serve. É ai que tá.

Não é nada pessoal, eu juro. Mas o mundo só vai se livrar das mulheres tristes e mal-amadas quando estas pararem de achar que o final perfeito de um filme ou novela é quando o casal fica junto. Felicidade é se amar tanto a ponto desse amor bastar, e aí sim ser feliz para sempre. Amar a dúvida, o silêncio, a ingratidão, o fim, o atraso, a invenção, a lacuna, o pode ser, as hipóteses, a não resposta, a raiva, o absurdo, o não, a impossibilidade, o depois que foi, o antes de chegar, o difícil, o pode não, amar essas coisas, menina, é amar o mistério e não um homem.

Não existe homem perfeito para uma mulher. Acredite, você nunca estará 100% satisfeita (e a galinha da vizinha será sempre mais gorda). O segredo é encontrar o homem que te acrescente coisas e não as subtraia. Aquele que você não tem que se deixar de lado para amar. Aquele que admira o fato de você se amar mais do que o ama.
Hoje sou feliz, mas confesso: Pra chegar à essas conclusões já comi o pão que o diabo amassou. Enfim, despertei.
"Se você está aqui, ótimo! Vamos aproveitar! Se você não está, ótimo também! Vou aproveitar o tempo livre pra cuidar de mim e estar melhor ainda para quando você voltar."

E se eu despertei, amiga, você também chega lá.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Problemas maiores

Tenho pensado menos em você.
Pois é, arrumei outros problemas... Claro que não são maiores que você, mas me ocupam.

De repente me enxerguei gente grande, quase formada. Quem diria hein?
Faço coisas que quando eu tinha quinze anos nunca imaginei que conseguiria fazer. Tenho vinte e dois e continuo não imaginando como fazer, mas tenho coragem para fazer sem saber como, e faço.

Tenho pesadelos de que não vou conseguir pagar minhas contas, mas como sou muito corajosa, acordo no dia seguinte e compro um vestido "mara" de trezentos paus. Acho que, como eu acredito que o dinheiro nunca vai faltar, alguma magia do universo colabora e eu acabo sempre arrumando um freela aqui, um texto ali, um projeto lá. Sou rica de mundo e isso é tudo.

A minha cômoda nova é uma das coisas mais charmosas que eu já vi nessa vida. Ela não é uma simples cômoda, tudo agora no meu quarto para nela, e como se não bastasse, de presente para ela comprei novas maquiagens, novos cremes e novas bijuterias, ela adorou. Mostrou o quanto é resistente. Poderosa! Quem não gosta de demonstrar isso?

John Mayer foi o escolhido do dia, tomou café da manhã comigo. Enquanto o ouvia fui olhando pra tudo, catatônica, um misto de susto com deslumbramento. Me dei conta de que essa é a pior e a melhor fase da minha vida. Eu nunca andei tão triste e nem tão feliz. Foi difícil enterrar tantos mortos e tantas rotinas, mas está sendo muito fácil viver dentro de mim.

Férias de você, férias de nós, ou realmente passou? A hora de descobrir está próxima e eu realmente não tenho medo dela. Num mês tão longo como esse, vivendo vidas paralelas, talvez você tenha pensado menos em mim. Deve ter arrumado outros problemas... Claro que não são maiores que eu, mas te ocupam.

*Paciente catatônico: se mantém rígido mesmo que a posição seja incômoda.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Não me agrade

Ele disse:
"Eu fico o tempo todo querendo te agradar."
Eu pude ler naquele segundo uma imensa lista idiota que passava em sua cabeça. Uma lista enorme. Enorme. Coitado. Senti pena. Foi isso. Pena. A pior coisa que se pode sentir por alguém. Exatamente o que sentimos quando somos assim, incapazes desse tipo de amor agradecido, ou contemplativo, ou amor. E porque senti isso e não estou suportando é que resolvi dizer a verdade: Não faça nada. Quer me agradar de verdade? Não faça nada.

Eu não vou gostar de você. Nunca. Jamais. Eu jamais vou gostar de alguém.
Se você começar, vou tornar sua vida um inferno.
Uma vez me agradando, essa será sua rotina eterna. Sem fim. Porque nada me agrada. E tudo sempre será pouco e ridículo e até ofensivo. Então, nem comece, nem tente, não faça nada.

Eu nem estou vendo você. Percebe?
Não me peça para abrir os olhos no meio da minha tentativa de me sentir através de você.
Não brigue comigo porque não sei permanecer em nós na hora do brinde. Eu sequer vejo você, como posso ver isso que chama de “nós”? Só me empreste seu rascunho, deixe que eu termino o desenho. Me empreste seu contorno, deixa que eu preencho, recheio, enfio coisas aí. Me empreste isso que é você e que vaga por aí: Eu dou nome, dor, limites e histórias.
Eu dou tudo. Deixa. Por favor.

Se vire! Se quiser ficar por aqui mais um tempo, se vire!
Seja nada, por favor. Me deixa fazer, por favor.
Me empresta sua altura para eu subir. Me empresta seu silêncio para eu morrer. Me empresta sua volta para eu viver. Me empresta sua boca para eu me beijar. Me empresta sua gana para eu gritar. Me empresta seu sorriso para eu achar graça na vida. A sua língua para eu me engolir. A sua preguiça para eu cansar um pouco de mim, também preciso disso. O quente das suas costas para eu dormir comigo. E o seu desejo para eu sentir que piso nesse mundo.

Esteja aqui para que eu esteja. Por favor. Só isso.
-Tenha fome para que eu sobreviva.
-Pense em mim para que eu exista.
-Me leia para que eu seja.

Nunca, jamais, diga coisas absurdamente suas porque quando eu não mais puder me ver em você, acabou. Entende? Se eu não puder me ver em você, não resta nada.

Então, não diga, não faça, não opine, não brigue e, principalmente: não me agrade.

Eu me agrado através do que vejo de mim em você. Então, jamais, em hipótese alguma, me ame com propriedade. Seu amor de surpresa é uma solidão terrível. Me ame com o meu amor de sempre. Me ame apenas com o que tem de mim em você. Me compre com o dinheiro que eu depositei em você. Não quero nada seu.
Se você encostar em mim de novo, com sua vontade de arrumar minha vida, eu te expulso daqui.

Sou demais pra mim, me leve embora. Guarde um pouco com você.
Não, não traga suas coisas. Leve as minhas. Divida.
Divida comigo eu mesma e já teremos problemas e soluções e motivos para duzentas vidas.
Seja eu e por favor veja o que dá pra fazer com isso. Porque eu não sei.
Apenas apareça de vez em quando e traga um pouco de mim. Não muito e não sempre e não demais, para que eu sinta saudades e possa sonhar comigo, para que eu consiga pensar em mim. O que mais faço é na verdade o que jamais fiz. Nem por um segundo. Pensar em mim. Gostar de mim. Sempre e nem por um segundo.

Resumindo, não faça nada. Seja um vegetal ligado a minha máquina a todo vapor. Eu trabalho pra você. Eu dou vida pra você. Eu te bombeio, deixa. Continue respirando ligado a mim. Só não desliga seu corpo que minha máquina pára.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Todo mundo é meio vilão, meio mocinho

Imaginem a sensação de ter sido atropelada por uma carreta. Uma. Duas. Três vezes... Imaginaram? Então é assim que to. Com a sensação de que tiraram de mim todas as forças físicas e mentais, tamanho foi o stress e questões conflitantes do fim de semana.

Se tudo se resolvesse dentro de um quarto, eu tava tranqüila, feliz, lépida e faceira por toda minha vida. Juro que tava. Mas, não se resolvem, ajudam, mas não resolvem. Eu sei de todas as minhas culpas, não pensem vocês que sou inocente, não sou não. Sou difícil, de gênio difícil, difícil de agradar, e mais um monte de coisas. Mas os problemas são como quase tudo nessa vida, vem dos dois lados, não há culpados, não há vítimas e carrascos.

Há sim uma dificuldade do lado de lá de entender que pra mim o que é acertado é como sagrado. Que pra mim isso é importante. E há uma dificuldade do lado de cá de se contentar com o que é dado, e de reconhecer o esforço alheio de muitas vezes fazer o impossível pra que minhas vontades aconteçam. De querer mais sempre. Como vêem sem bem nem mal. Só dificuldade de acertar no equilíbrio. Todo mundo é meio vilão, meio mocinho.

A sensação hoje é de exaustão. Aquela dúvida, que talvez todo mundo tenha, com ou sem problemas, de que será que teremos algo juntos ali na frente? Mas eu to bem. Cansada, mas bem. Dizem que o sol sempre volta amanhã.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Monólogos

A ideia de hoje foi te pedir um favor. Eu escolheria algum texto que gosto muito e você leria pra mim. Sem oi, sem tchau, sem coisas feitas ou a fazer. Nada de você, nada da sua vida. Nada que constate a sua existência independente. Apenas a sua voz. Esse é só um dos absurdos que passam pela minha cabeça quando me salta você no peito. Como se meu coração fosse uma dessas caixinhas surpresas e você o boneco de mola pra assustar crianças. Elas se assustam mas riem e abrem de novo e de novo. Assim faço também.

Mais uma das minhas ideias, outro favor:
Durante o texto então, por alguns minutos, só enquanto eu chorar demais, dá pra você fazer de conta que abismos não existem? E não existem mesmo, nesses segundos descabidos das horas que não entram no dia. Porque agora, nesse segundo que corri aqui pra te escrever, nesse momento não existe essa coisa de dia e de dois meses exatos. Existe só que vamos todos morrer então pra que mesmo o orgulho de sair ileso mais um dia? Mais um dia ileso... Pra quê? Vamos agir como se não fossemos cheios de feridas abertas, e ai então dormiremos em paz.

Hoje eu estava no estacionamento da emissora e fiquei seguindo as plaquinhas de saída, vi que é isso que faço melhor do que ninguém. São tantas as coisas que eu queria te falar e contar. E eu sigo fantasiando que você entende tudo e melhor que todo mundo. E isso acaba comigo mas, ao mesmo tempo, me tira um pouco da chatice burra e apática de sempre. E então, me vem a ideia de realmente te contar as coisas. E por isso escrevo. Porque se você entra aqui pra ler é você que, com todo o meu amor que você nem imagina, consegue sentir como sendo seu. E então é mesmo essa coisa maluca de eu me livrar do que eu nem sei se sinto pra você, sem nem saber se sente, sentir o que já estava aí esse tempo todo. A troca do absurdo. Nisso trocamos. O absurdo. -E você já aprendeu brincar disso também.

São, sei lá, pouco mais de meio dia. A emissora tá vazia, o programa foi gravado ontem, quase todo mundo imendou. E me deu vontade de conversar com você. Passo boa parte de tudo sem doer, sem sentir tão forte. Às vezes nem parece que aconteceu. Mas o tempo todo, ainda, converso e te mostro tudo, o tempo todo. O tempo todo. O tempo todo. Não porque sou sozinha. Não porque era menos sozinha com você. Apenas porque não perdi esse hábito ainda.
-Lê então pra mim um texto. Com a luz apagada?

Quando alguém liga eu fico cheia dos risinhos idiotas porque tiro sarro de quem tenta falar algo e não sai como sairia se fosse você. E eu tô aqui enrolando, enrolando, talvez você esteja rindo da minha falta de jeito aí do outro lado.
O maior elogio que eu poderia fazer a uma pessoa era dizer assim:
"Gosto de você além da minha imaginação, não porque aprendi a gostar, mas porque por mais que eu sonhe, você é ainda melhor que o sonho. Você é além da minha capacidade em te imaginar." E eu jamais te diria isso. Não posso te fazer esse elogio. Mas olha, ainda assim, olha eu aqui de novo. Porque você não é melhor que a minha imaginação, você não é melhor que a minha esperança, você, pra falar a verdade, é bem ruinzinho.

Mas é isso. O boneco salta da caixinha e espanca meu peito com cabeçadas duras e olhar macabro. Tem sempre a hora que não entra no dia. E eu mais uma vez preferindo não sair ilesa pra me sentir menos machucada.
Você pode agora também algumas vezes na semana escrever, brincar do não abismo, qualquer coisa, só ler se preferir, continuar assim, só ler, mas não me esquece, por favor. Eu nunca vou esquecer você. Eu não soube o que fazer com você, mas sei o que fazer com o não você. Isso eu sei fazer e faço bem. Lembrar que era terrível e incrível. Terrível, meu amor, como poucas (ou nenhuma) coisas foram. Mas absolutamente incrível.

domingo, 5 de julho de 2009

O óbvio, o normal e as saídas

O ÓBVIO: Por mais que todas as terapias do mundo, todas as auto-ajudas do universo e todos os amigos experientes do planeta me digam que preciso definitivamente não precisar de você, minha alma grita aqui dentro que, por mais feliz que eu seja, a festa é sempre pela metade. É você quem eu sempre busco com minha gargalhada alta, com a minha perdição humana em festejar porque é preciso festejar, com a minha solidão cansada de se enganar.

Eu tenho um milhão de motivos pra fugir de pensar em você, mas em todos esses lugares você vai comigo. Você segura na minha mão na hora de atravessar a rua, você me olha triste quando eu olho para o celular pela milésima vez, você sente orgulho de mim quando eu solto uma gargalhada e você vira o rosto se algum homem vem falar comigo. Você prefere não ver, mas eu vejo você o tempo todo.

Eu nunca aceitei a simplicidade do sentimento. Eu sempre quis entender de onde vinha tanta loucura, tanta emoção. Eu nunca respeitei sua banalidade, nunca entendi como pude ser tão escrava de uma vida que não me dizia nada, não me aquietava em nada, não me preenchia, não me planejava, não me findava. Nós éramos sem começo, sem meio, sem fim, sem solução, sem motivo. E quer saber a verdade? Não sinto saudades do seu amor, ele nunca existiu, nem sei que cara ele teria, nem sei que cheiro ele teria. Não existiu morte para o que nunca nasceu.

Eu sinto falta mesmo é da perdição involuntária que era congelar na sua presença tão insignificante. Era a vida se mostrando mais poderosa do que eu e minhas listas de certo e errado. Era a natureza me provando ser mais óbvia do que todas as minhas crenças. Sinto falta de lembrar que você me via tanto, que preferia fazer que não via nada. Sinto falta da sua tristeza, disfarçada em arrogância, em não dar conta, em não ter nem amor, nem vida, nem saco, nem músculos, nem medo, nem alma suficientes para me reter. Eu não mandava no que sentia por você, eu não aceitava, não queria e, ainda assim, era inundada diariamente por uma vida trezentas vezes maior que a minha. Eu te amava por causa da vida e não por minha causa.

E isso era lindo. Você era lindo. Simplesmente isso.

Você, a pessoa que eu ainda vejo passando no corredor e me levando embora, responsável por todas as minhas manhãs sem esperança, noites sem aconchego, tardes sem beleza.
Eu não preciso de você nem pra andar e nem pra ser feliz, mas como seria bom andar e ser feliz ao seu lado.

O NORMAL: Eu sei, eu sei, o eterno clichê “isso passa”. Passa sim e, quando passar, algo muito mais triste vai acontecer: eu não vou mais te amar. É triste saber que um dia vou ver você passar e não sentir cada milímetro do meu corpo arder e enjoar. É triste saber que um dia vou ouvir sua voz ou olhar seu rosto e o resto do mundo não vai desaparecer. O fim do amor é ainda mais triste do que o nosso fim. Meu amor está cansado, surrado, ele quer me deixar para renascer depois, lindo e puro, em outro canto, mas eu não quero outro canto, eu quero insistir no nosso canto. Eu me agarro à beiradinha do meu amor, eu imploro pra que ele fique, ainda que doa mais do que cabe em mim, eu imploro pra que pelo menos esse amor que eu sinto por você não me deixe, pelo menos ele não seja como você - covarde - e ainda que insuportável, não desista.

Hoje eu acordei numa casa diferente, num quarto diferente, sem nenhuma muleta, sem nenhuma maquiagem, meus amigos estão ocupados, meus pais não podem sofrer por mim. Hoje eu acordei sem nada no estômago, sem nada no coração, sem ter para onde correr, sem colo, sem peito, sem ter onde encostar, sem ter quem culpar.

AS SAÍDAS: Hoje eu acordei sem ter quem amar, mas aí eu olhei no espelho e vi, pela primeira vez na vida, a única pessoa que pode realmente me fazer feliz.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Foda-se você

Sempre achei que esse amor era coisa de quem não tinha nada melhor para fazer. Eu só o sentia porque estava infeliz naquela vida pacata. Só por isso. Resolvi então agitar a vida pacata. E comecei a sair mais de casa, enxergar as pessoas ao meu redor, mais viagens, mais baladas. Amor é coisa de gente pacata e agora que eu tinha uma vida agitada, poderia, finalmente, mandar esse amor embora. Tchau, coisinha besta.

Nada feito. Só piorou. Acordava e ia dormir com ele engasgado aqui. Ficava inconformada. Mas aí concluí: amor é coisa de quem tem tempo pra pensar nele. Claro, mesmo com a semana agitada entre faculdade e trabalho, eu fico em casa o fim de semana todo, alegando cansaço, no silêncio das minhas coisas, claro que acabo pensando besteira. Aquele papo de mente desocupada casa do diabo, sabe? Amor do diabo. Fui procurar Jesus.
Depois de dez passes e de ler todo o Evangelho Espírita, achei que ficaria tudo bem. Ficou nada. Eu só parei de sonhar que botava fogo no apartamento do ser amado ou que arrancava os olhos de todas as mulheres do mundo. Parei, talvez, de odiar o amor. Mas o amor, na verdade, ficou lá. Duro que nem pedra. Daqueles que não vão embora nem com reza brava.

Amor adolescente, pensei. Com certeza, se eu virar mulher, esse amor bobinho passa. Amor de menina boba. Tratei, então, de virar mulher. Quem sabe mudando o visual, esse amor não se mudava de mim? Nada feito. Cabelo novo, roupas novas, sapatos novos, novas contas pra pagar. E o mesmo coração idiota. O mesmo amor de sempre. Coisa chata, não?

Ah, que que é isso! Amor deve passar com um novo amor, não? Olha lá aquele menino bonito te olhando, o outro que escreve bonito, o outro que te faz rir um monte, aquele gordinho simpático (adoro gordinhos), tem também aquele ali, com mão firme. Nada. Nenhum deles foi capaz de me salvar, de substituir minhas células cansadas em sentir sempre a mesma coisa. Nenhum foi capaz, nem por um segundo, de me levar para passear em outros tormentos. Ou outras alegrias. Qualquer outra coisa que seja.

Aí veio a idéia brilhante. Será que se eu mergulhasse de cabeça na estupidez desse amor, não me curava? Será que se eu, por um minuto apenas, parasse de sentir tudo isso de dentro da grandiosidade que eu inventei para tudo isso e enxergasse de perto como tudo é tosco e pequeno, eu não me curava? Só piorou. De frente para ele e suas constatações tão absurdas a respeito de tudo, só consigo sentir ainda mais amor. E quanto mais e maiores motivos para não sentir, ele e a vida me dão... Adivinhem? Sim, o amor cresce. Irresponsável, sem alimento, sem esperança e de uma burrice enorme. Ainda assim, forte e em crescimento.

Mas esse amor, ah, esse amor é coisa de quem não ama a própria vida. Se um dia, um dia eu pudesse realmente ser uma Jornalista. Ou até, nossa, se eu pudesse trabalhar na televisão sabe? Esse amor iria embora, claro. Nada feito. Escrevo essas linhas de frente para um monitor chiquérrimo, posicionado na minha sala, que não divido com ninguém, minha, com tudo que sempre sonhei nela, que fica dentro de uma emissora de tv. Afiliada à segunda maior e melhor do Brasil. Estou aqui graças a minha maior qualidade: a fé. Sim, isso só não funciona pro amor, mas pra todo resto na minha vida acreditar sempre funcionou.

Tudo certo com a minha vida. Ou quase tudo certo. Ainda sinto esse amor ridículo. Essa coisa infernal que me vence todos os dias, todos os minutos. Mas olha lá quem me adicionou. Aquele diretor inteligentíssimo, daquele programa que eu amo! Quantos bons contatos me admiram e me elogiam. Ainda bem que alguém além de mim acredita em mim. É tanta coisa boa acontecendo, tanta gente boa se aproximando que tá na hora de acordar. Enxergar. Receber.

Taí. Tá bom. O amor venceu. Você venceu. Venceu. Venceu. Venceu.
E eu acabo de descobrir, simples assim, a única maneira de me livrar desse sentimento: aceitando ele, parando de querer ganhar dele. Te amo mesmo, talvez pra sempre. Mas nem por isso eu deixo de ser feliz ou viver minha vida. Foda-se esse amor. E foda-se você.