Hoje vou ser justa e expor os fatos de um outro ponto de vista. Sempre relatei meu lado, o quanto fui apaixonada, o que passei, mas acho que vale a pena lembrar que existiu um outro lado, e que este lado também tinha sentimentos.
O pior erro que um ser humano pode cometer dentro de uma relação é se apaixonar antes de conhecer bem a outra pessoa. A paixão nos cega, e começar a idealizar alguém é o primeiro passo para um relacionamento não vingar.
Eu nunca poderia ser tão linda quanto achavam que eu era. Tão legal quanto achavam que eu era. Tão desapegada e sem ciúme quanto ele gostaria que eu fosse. Os homens tem esse péssimo defeito e no começo enxergam em nós, mulheres, a perfeição. Depois de alguns meses, somos obrigadas a corresponder às expectativas que eles criaram por conta própria.
Eu nunca consegui ser tão animada quanto pensavam que eu fosse. Nunca consegui ser tão inteligênte quanto pensavam que eu fosse. Nunca consegui ser tão desinibida quanto pensavam que eu fosse. Nunca consegui ter a vida tão saudável quanto pensavam que eu tinha. Nunca consegui ser tão independente quanto pensavam que eu fosse. Nunca consegui ser tão bem resolvida quanto pensavam que eu fosse. Nunca consegue ser tão discreta quanto ele pensou que eu poderia ser.
Eu assumo, talvez a culpa seja minha, por passar uma imagem errada de mim mesma.
Não me viro tão bem sozinha quanto digo que me viro, não gosto tanto assim da minha própria companhia quanto eu digo por aí. Sou chata mesmo e tem hora que nem eu me aguento.
Tantas vezes se apaixonaram por mim, mas olha pra mim? Continuo solteira!
E se for pra ser assim, prefiro que não se apaixonem por mim. Não quero ser pra sempre metade do sonho de alguém.
Não tenho mais idade pra namoros adolescentes ou pra me interessar por viver uma ilusão. Todos que se apaixonaram por mim me fizeram sofrer no final. Queriam que eu fosse alguém que eu não sou pra eu corresponder a uma expectativa que não fui eu que criei. Por isso já vou dizendo logo de cara quem eu sou.
Ninguém tem segredo nenhum a respeito de mim mas eu tenho tantos que acabei com tendinite de tanto por pra fora. Meu calo de vômito é no punho. Vomitar pelos dedos. O único jeito de não ter tanta vergonha de ser como sou, ainda que me perguntem “você não tem vergonha de escrever essas coisas?”. Vergonha eu teria de alimentar em alguém um sentimento que não vai vingar. Vergonha eu teria de fazer alguém sofrer. Eu teria muita vergonha de ser fria, sem coração.
Eu não pareço aquela moça da capa da revista, não tenho vocação nem corpo suficiente para ser assistente de palco e rebolar de fio dental. Físicamente é isso, sou preguiçosa pra malhar então não adianta esperar de mim a perfeição nesse sentido. Psicologicamente, posso dizer que não vou mudar meus conceitos de certo e errado - minhas verdades mudam com o tempo, meus valores não. Eu nunca vou deixar solto quem eu amo, o máximo que posso fazer é garantir que tenho aprendido com meus erros e prometer que vou continuar vivendo assim, diariamente buscando meu equilibrio.
Ele pode dizer que se arrepende, e eu o compreendo. Se houve algo verdadeiramente recíproco em tudo isso foi o fato de esperararmos mais do outro. Pode falar o que for, o que alguém acha de mim não vai determinar quem eu sou. Não vou discordar quando disserem por aí que eu não valho a pena, pois eu valho a pena e muito. Basta tentarem me amar ao invés de apenas se iludirem se apaixonando por mim.
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
Quero muito mais
De volta a senzalinha fria. Muita chuva em Jaú e eu ainda estou esperando minha alma voltar pra cá. Como um espírito que não desencarna ela ficou lá, e é assim todas as vezes que volto de São Paulo.
Pra onde foi a minha inspiração? Cadê?
Uma preguiça de acordar. Uma preguiça de tomar banho, escolher uma roupa, escolher entre bolo de chocolate e suco de laranja. Tudo parece ter o mesmo gosto falso de paliativos. De forte somente a preguiça de contar tantas preguiças. As pessoas parecem tão chatas e tão iguais.
Cadê o gosto intenso de fugir do mundo com um segredo fatal? Não existem segredos fatais: todo mundo come todo mundo por caça e infelicidade. São animais tristes e não seres loucos e apaixonados. Eu me enganei tanto com o ser humano que ando com preguiça de me entregar.
Ninguém tem coragem pra mudar nada, ou apenas é inteligente para saber que a rotina chega de um jeito ou de outro, não adianta se mover.
Pra quem faço falta e aonde me encaixo? Aonde sou útil e pra quem sou essencial? Pra onde vou e aonde descanso? Pra quem e por quem vivo?
Não posso dizer que não sou feliz aqui, é claro que sou. Tenho muita sorte de estar onde estou. Mas é lá que percebo que a linha que separa o real do sonho é muito fácil de ser ultrapassada.
É lá que realizei e continuo realizando meus sonhos.
Freud mexeu três vezes no túmulo com a vontade de me dizer que devo viver por mim.
Dane-se a psicanálise: é muito mais gostoso ter outros encantamentos, além do umbigo.
-Não que esses encantamentos não sejam para agradar meu umbigo.
A esperança desesperada por amor e reconhecimento profissional deixou escapar a cansada esperança que se assustou de desespero pela mesmice que encontro diariamente nesta cidade. Perdi meu deslumbramento, a válvula propulsora da vida que tive até aqui.
Agora eu quero é mais!
Chega da miséria do sonho. Chega de idealizar uma vida com um fone no ouvido. Eu quero tocar, eu quero cair das nuvenzinhas acima da minha cabeça. Quem não sonha não sabe aonde quer chegar. Então tá, eu passei a vida toda sonhando, agora preciso chegar.
O sonho guia, leva longe. Mas de frustrado ele te faz retroceder alguns anos, te transforma em criança assustada. Já a realidade ensina, palavra de quem já chegou lá: Arrisque, é na raça que se aprende a viver.
Estou deslumbrada com a vida que encontrei lá, a vida que te devolve à infância quando o mundo adulto atropela e fere. Lá na infância você se enche de sonhos e volta preparada para o mundo adulto, que se ocupa a frustrá-los todos novamente.
Vou parar esse texto por aqui, pois acabo de descobrir por uma amiga que meu último relacionamento virou assunto de fila de casa lotérica. Mais um motivo para eu não aguentar mais essa cidade de gente de vida tão vazia, que se ocupa vivendo a vida alheia.
Pra onde foi a minha inspiração? Cadê?
Uma preguiça de acordar. Uma preguiça de tomar banho, escolher uma roupa, escolher entre bolo de chocolate e suco de laranja. Tudo parece ter o mesmo gosto falso de paliativos. De forte somente a preguiça de contar tantas preguiças. As pessoas parecem tão chatas e tão iguais.
Cadê o gosto intenso de fugir do mundo com um segredo fatal? Não existem segredos fatais: todo mundo come todo mundo por caça e infelicidade. São animais tristes e não seres loucos e apaixonados. Eu me enganei tanto com o ser humano que ando com preguiça de me entregar.
Ninguém tem coragem pra mudar nada, ou apenas é inteligente para saber que a rotina chega de um jeito ou de outro, não adianta se mover.
Pra quem faço falta e aonde me encaixo? Aonde sou útil e pra quem sou essencial? Pra onde vou e aonde descanso? Pra quem e por quem vivo?
Não posso dizer que não sou feliz aqui, é claro que sou. Tenho muita sorte de estar onde estou. Mas é lá que percebo que a linha que separa o real do sonho é muito fácil de ser ultrapassada.
É lá que realizei e continuo realizando meus sonhos.
Freud mexeu três vezes no túmulo com a vontade de me dizer que devo viver por mim.
Dane-se a psicanálise: é muito mais gostoso ter outros encantamentos, além do umbigo.
-Não que esses encantamentos não sejam para agradar meu umbigo.
A esperança desesperada por amor e reconhecimento profissional deixou escapar a cansada esperança que se assustou de desespero pela mesmice que encontro diariamente nesta cidade. Perdi meu deslumbramento, a válvula propulsora da vida que tive até aqui.
Agora eu quero é mais!
Chega da miséria do sonho. Chega de idealizar uma vida com um fone no ouvido. Eu quero tocar, eu quero cair das nuvenzinhas acima da minha cabeça. Quem não sonha não sabe aonde quer chegar. Então tá, eu passei a vida toda sonhando, agora preciso chegar.
O sonho guia, leva longe. Mas de frustrado ele te faz retroceder alguns anos, te transforma em criança assustada. Já a realidade ensina, palavra de quem já chegou lá: Arrisque, é na raça que se aprende a viver.
Estou deslumbrada com a vida que encontrei lá, a vida que te devolve à infância quando o mundo adulto atropela e fere. Lá na infância você se enche de sonhos e volta preparada para o mundo adulto, que se ocupa a frustrá-los todos novamente.
Vou parar esse texto por aqui, pois acabo de descobrir por uma amiga que meu último relacionamento virou assunto de fila de casa lotérica. Mais um motivo para eu não aguentar mais essa cidade de gente de vida tão vazia, que se ocupa vivendo a vida alheia.
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