quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Quero muito mais

De volta a senzalinha fria. Muita chuva em Jaú e eu ainda estou esperando minha alma voltar pra cá. Como um espírito que não desencarna ela ficou lá, e é assim todas as vezes que volto de São Paulo.
Pra onde foi a minha inspiração? Cadê?
Uma preguiça de acordar. Uma preguiça de tomar banho, escolher uma roupa, escolher entre bolo de chocolate e suco de laranja. Tudo parece ter o mesmo gosto falso de paliativos. De forte somente a preguiça de contar tantas preguiças. As pessoas parecem tão chatas e tão iguais.
Cadê o gosto intenso de fugir do mundo com um segredo fatal? Não existem segredos fatais: todo mundo come todo mundo por caça e infelicidade. São animais tristes e não seres loucos e apaixonados. Eu me enganei tanto com o ser humano que ando com preguiça de me entregar.

Ninguém tem coragem pra mudar nada, ou apenas é inteligente para saber que a rotina chega de um jeito ou de outro, não adianta se mover.
Pra quem faço falta e aonde me encaixo? Aonde sou útil e pra quem sou essencial? Pra onde vou e aonde descanso? Pra quem e por quem vivo?
Não posso dizer que não sou feliz aqui, é claro que sou. Tenho muita sorte de estar onde estou. Mas é lá que percebo que a linha que separa o real do sonho é muito fácil de ser ultrapassada.
É lá que realizei e continuo realizando meus sonhos.
Freud mexeu três vezes no túmulo com a vontade de me dizer que devo viver por mim.
Dane-se a psicanálise: é muito mais gostoso ter outros encantamentos, além do umbigo.
-Não que esses encantamentos não sejam para agradar meu umbigo.

A esperança desesperada por amor e reconhecimento profissional deixou escapar a cansada esperança que se assustou de desespero pela mesmice que encontro diariamente nesta cidade. Perdi meu deslumbramento, a válvula propulsora da vida que tive até aqui.
Agora eu quero é mais!
Chega da miséria do sonho. Chega de idealizar uma vida com um fone no ouvido. Eu quero tocar, eu quero cair das nuvenzinhas acima da minha cabeça. Quem não sonha não sabe aonde quer chegar. Então tá, eu passei a vida toda sonhando, agora preciso chegar.
O sonho guia, leva longe. Mas de frustrado ele te faz retroceder alguns anos, te transforma em criança assustada. Já a realidade ensina, palavra de quem já chegou lá: Arrisque, é na raça que se aprende a viver.

Estou deslumbrada com a vida que encontrei lá, a vida que te devolve à infância quando o mundo adulto atropela e fere. Lá na infância você se enche de sonhos e volta preparada para o mundo adulto, que se ocupa a frustrá-los todos novamente.
Vou parar esse texto por aqui, pois acabo de descobrir por uma amiga que meu último relacionamento virou assunto de fila de casa lotérica. Mais um motivo para eu não aguentar mais essa cidade de gente de vida tão vazia, que se ocupa vivendo a vida alheia.

6 comentários:

Unknown disse...

Ludy vc é demais tem uma capacidade de fazer essespensamentos ammeeeiiiii.... te amo prima bjs

Karol disse...

olá, Ludy, adorei e sempre amo seus textos. Esse, em especial, é bem a realidade. O mundo adulto suga as suas forças, faz seus sonhos transformarem-se em pó. E a frase escrita por você, dita por alguém que já chegou lá: Arrisque-se, pois é assim q se aprende a viver. É a frase mais sensata. Pode ser q vc encontre algumas pedras no caminho. Mas chute-as, é assim que você vai crescer.
Saia dessa cidade. Ela pode até ser boa em alguns pontos, mas as pessoas q encontramos aqui, que vivem olhando pra vida da gente e não olham seu próprio umbigo, ninguém merece!
Vai fundo, mulher! E seja muito feliz!
bjim

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Ludy , acredito em vc e sei q vc vai longe, esta cidade esta pequena para tantos sonhos , estou aqui caso precise e sempre te apoiando ..... te amo muito bjs

Unknown disse...

Caso queira vir para o Rio Grande do Sul hehehe :)

Muito legal seus textos tenho certeza que a pessoa certa ou aquela que faz a nossa vida ter sentido deve ter sido alcançada pelas suas palavras.

Bjus moça querida :)

Ricardo Campos disse...

É a vida, não? Então se vira, corre atrás, faça acontecer! Você sabe que é capaz. Ainda mais agora que você tá menos barraqueira! huahauhauahuh... Você escreve bem, tinha até esquecido isso... Ah! e não acostuma comigo comentando aqui não, pois tô numa correria dos infernos! Bju boneka!