Me peguei sentindo saudade de alguém, saudade verdadeira daquelas que doem tanto quanto quando você prende o dedo na porta, mas de repente percebi que talvez esse alguém nunca tenha existido em minha vida.
Quando a gente conhece uma pessoa, construímos uma imagem dela. Esta imagem tem a ver com o que ela é de verdade, tem a ver com as nossas expectativas e tem muito a ver com o que ela "vende" de si mesma. É pelo resultado disso tudo que nos apaixonamos. Se esta pessoa for bem parecida com a imagem que projetou em nós, desfazer-se deste amor, mais tarde, não será tão penoso. Restará a saudade, talvez uma pequena mágoa, mas nada que resista por muito tempo. No final, sobreviverão as boas lembranças. Mas se esta pessoa "inventou" um personagem e você caiu na arapuca, aí, somado à dor da separação, virá um processo mais lento e sofrido: a de desconstrução daquela pessoa que você achou que era real.
Desconstruindo José, desconstruindo Maria, desconstruindo João. Milhares de pessoas estão vivendo seus dias aparentemente numa boa, mas por dentro estão desconstruindo ilusões, tudo porque se apaixonaram por uma fraude, não por alguém autêntico. Ok, é natural que, numa aproximação, a gente "venda" mais nossas qualidades que defeitos. Ninguém vai iniciar uma história dizendo: muito prazer, eu sou arrogante, preguiçoso e cleptomaníaco. Nada disso, é a hora de fazer charme. Mas isso é no começo. Uma vez o romance engatado, aí as defesas são postas de lado e a gente mostra quem realmente é, nossas gracinhas e nossas imperfeições. Isso se formos honestos. Os desonestos do amor são aqueles que fabricam idéias e atitudes, até que um dia cansam da brincadeira, deixam cair a máscara e o outro fica ali, atônito.
Quem se apaixonou por um falsário, tem que desconstruí-lo para se desapaixonar. É um sufoco. Exige que você reconheça que foi seduzido por uma fantasia, que você é capaz de se deixar confundir, que o seu desejo de amar é mais forte do que sua astúcia. Significa encarar que alguém por quem você dedicou um sentimento nobre e verdadeiro não chegou a existir, tudo não passou de uma representação – e olha, talvez até não tenha sido por mal, pode ser que esta pessoa nem conheça a si mesma, por isso ela se inventa.
- A gente resiste muito a aceitar que alguém que amamos não é, e nem nunca foi, especial. Que sorte quando a gente sabe com quem está lidando: mesmo que venha a desamá-lo um dia, tudo o que foi construído se manterá de pé.
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Ludy..... MARA, é isso ae
Quem garante que ja conhecemos essa imagem?
O negócio e manter a nossa, e a outra.........
BJO
amiga... símplismente esse assunto vc escreveu por incrível que pareça o está acontecendo cmgo, acreditar em falsas pessoas que nem ao menos existem aff cansei viu.. viver num mundo de fantasias onde os mesmos que se apresentam não são nada e nem um terço daquilo que esperavamos.. falta de caráter isso sim, falta de dignidade de fazer com que as pessoas acreditem e depois quebrem a cara de uma vez e se sintam a pior pessoa do mundo. Mas confesso a vc que a cada dia eu me surpreendo ainda mais com os seres humanos dessa vida, cada dia mais aprendo uma nova lição de vc, na qual isso me faz crescer e amadurecer para encarar os obstáculos futuros.
Fica com Deus linda, beijos
Postar um comentário