quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O fim da festa

Caramba, quanto tempo não? Parece até mais tempo do que realmente foi.
Você também sentiu isso?
Engraçado, você não mudou nada.
Eu engordei alguns bons kilos, você percebeu? Sim, sim, por causa daquele velho problema da minha ânsiedade, foi isso mesmo. Afoguei minhas mágoas em muitas pizzas e brigadeiros nessas férias para não sentir sua falta, e olha que isso ajudou bastante. Que mal tem perder algumas calças? Eu tava precisando de roupas novas mesmo.

Percebi que aproveitou bem as férias, viajou, foi matar a saudade da família né? Ví suas fotos. Pois é, ainda não parei com essa atitude "corta pulsos" de olhar seu orkut. Desculpe se ao contrario de você ainda me preocupo em saber se você está bem, esta vivo, feliz.
-Mas você está bem? Está vivo? Feliz?

Trocou de carro né, tava na hora. Trabalha tanto, merece.
Sim, era eu saindo correndo do estacionamento hoje. Fiz isso pois não esperava encontra-lo e não ia dar pra fingir que não o vi como nas primeiras duas vezes que nos encontramos esta noite. Três realmente seria demais.
E daí que quase sofri um acidente? Acidentes são normais na minha vida quando envolvem você.

Vieram me contar que você estava com uma marca no pescoço, dá pra acreditar? Rs...
Fica tranquilo, não esqueci que você é alérgico a lâmina de barbear.
Por falar nos outros, hoje também me perguntaram se eu esqueci você. Fui sincera quando disse que não sei e a única coisa que sei é que eu tinha me acostumado com sua ausência, que ela me fez muito bem.
Leu meus textos? Viu que passei um mês feliz?
Foi assim mesmo... Sorri em todas as fotos, esgotei minhas piadas, desfilei abraços, toquei em muita gente, ganhei alguns presentes, vivi meus 22 anos como alguém de 22 anos, ao contrário de quando estava ao seu lado. Bom né?
Mas pra que, se hoje voltei a atravessar aquela faculdade sozinha e aflita, como alguém que encara o pior dos pesadelos.
A cabeça durante a minha aula estava em outra aula, fui pro pátio e no mp3 player encontrei um universo paralelo.

Por mais que todas as terapias do mundo, todas as auto-ajudas do universo e todos os amigos experientes do planeta me digam que preciso definitivamente não precisar de você, minha alma grita aqui dentro que, por mais feliz que eu seja, a festa é sempre pela metade.
É você quem eu sempre busco com minha gargalhada alta, com a minha perdição humana em festejar porque é preciso festejar, com a minha solidão cansada de se enganar.

Eu não acredito mais na gente, nem em sumir do país, em trocar de emprego, em mudar de religião, em ficar em silêncio até que tudo se acalme, em dormir até tarde, na nova proposta, no novo projeto, no super livro, no filme genial, na nova galera, na academia moderna, no carinha até que bacana que dá cor aos dias cinzas, em baixar o novo CD mais master animado do mundo, em fazer academia, em fazer torta de verdura, em ser batalhadora, em ser fashion, em não ser nada. Mas eu continuo acreditando que tudo sem você é distração e tudo com você é vida.

Já que não existe mais esperanças quando olho nos teus olhos e falo com toda essa sinceridade, este texto tem a missão de sair em sua busca. Pois eu não aguento mais fazer esses monólogos. Eu não escrevo por vaidade, pretensão ou inteligência. Eu escrevo porque eu sei que é assim que vou te encontrar. Eu escrevo porque não posso mais aguentar que a festa acabe, ou que você continue indiretamente acabando com ela.

Um comentário:

Ju disse...

Nossa...ainda não tenho certeza se não era eu escrevendo esse texto...vc conseguiu colocar em palavras exatamente o q eu sinto sem saber explicar o que era...
Certa vez li sobre "loucura de estimação"...eu tenho a minha...vc tem a sua...e como vc soube dizer...me acostumei com a ausência dele...
Seus textos são lindos!!
Bjoss