quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Expectativa.


Se tu vens às quatro da tarde, desde às três eu começarei a ser feliz.
Se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol.

(Antoine de Saint-Exupèry)

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Doe-se menos.


"A eterna cicatriz
Mais uma vez
Mais de uma vez
Quase que fui feliz.
A barra do amor é que ele é meio-termo."
(Elis Regina - Meio-termo.)


Meio-termo: Palavra que vou colar na porta do meu quarto, para olhar todos os dias quando acordar e quem sabe com a insistência ela entra na minha cabeça.
Descobri mais um defeito meu, o exagero.
Sou over em tudo que faço, e isso é mal. Me exponho demais, me dou demais.

A maioria das pessoas não merecem nem o mínimo da gente, que dirá então o máximo. E há outras então que quando você dá a mão querem o braço e o corpo todo. Eu não acredito em gnomos ou duendes, mas vampiros existem. Esta é uma historinha de terror que se repete ano após ano, por séculos - Relações vampirescas: o morcegão surge com uma carinha de fome e cansaço, como se não tivesse dormido a noite toda, e você se oferece para uma conversa, um abraço, uma força. Aí ele se revitaliza e bate as asinhas. Acontece em São Paulo, Manaus, Recife, Florianópolis, em todo lugar, não só na Transilvânia. E ocorre também entre amigos, entre colegas de trabalho, entre familiares, não só nas relações de amor.

Doe sangue para hospitais. Dê seu sangue por um projeto de vida, por um sonho. Mas não doe para aqueles que sempre, sempre, sempre vão lhe pedir mais e lhe retribuir jamais.

Do meu melhor apenas eu desfrutarei. E tenho dito.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Interrompendo as buscas.


Assitindo ao ótimo "CLOSER - Perto demais", me veio à lembrança um poema chamado "Salvação", de Nei Duclós, que tem um verso bonito que diz: "Nenhuma pessoa é lugar de repouso". Volta e meia este verso me persegue, e ele caiu como uma luva para a história que eu acompanhava no filme, em que quatro pessoas relacionam-se entre si e nunca se dão por satisfeitas, seguindo sempre em busca de algo que não sabem exatamente o que é. Não há interação com outros personagens ou com as questões banais da vida. É uma egotrip que não permite avanço, que não encontra uma saída - o que é irônico, pois o maior medo dos quatro é justamente a paralisia, precisam estar sempre em movimento. Eles certamente assinariam embaixo: nenhuma pessoa é lugar de repouso.

Apesar dos diálogos divertidos, é um filme triste. Seco. Uma mirada microscópica sobre o que o terceiro milênio tem a nos oferecer: um amplo leque de opções sexuais e descompromisso total com a eternidade - nada foi feito pra durar. Quem não estiver feliz, é só fazer a mala e bater a porta. Relações mais honestas, mais práticas e mais excitantes. Deveria parecer o paraíso, mas o fato é que terminamos o filme com um gosto amargo na boca.

Com o tempo, nos tornamos pessoas maduras, aprendemos a lidar com as nossas perdas e já não temos tantas ilusões. Sabemos que não iremos encontrar uma pessoa que, sozinha, conseguirá corresponder 100% a todas as nossas expectativas sexuais, afetivas e intelectuais. Os que não se conformam com isso adotam o rodízio e aproveitam a vida. Que bom, que maravilha, então deveriam sofrer menos, não? O problema é que ninguém é tão maduro a ponto de abrir mão do que lhe restou de inocência. Ainda dói trocar o romantismo pelo ceticismo, ainda guardamos resquícios dos contos de fada. Mesmo a vida lá fora flertando descaradamente conosco, nos seduzindo com propostas tipo "leve dois, pague um", também nos parece tentadora a idéia de contrariar o verso de Duclós e encontrar alguém que acalme nossa histeria e nos faça interromper as buscas.

Não há nada de errado em curtir a mansidão de um relacionamento que já não é apaixonante, mas que oferece em troca a benção da intimidade e do silêncio compartilhado, sem ninguém mais precisar se preocupar em mentir ou dizer a verdade. Quando se está há muitos anos com a mesma pessoa, há grande chance de ela conhecer bem você, já não é preciso ficar explicando a todo instante suas contradições, seus motivos, seus desejos. Economiza-se muito em palavras, os gestos falam por si. Quer coisa melhor do que poder ficar quieto ao lado de alguém, sem que nenhum dos dois se atrapalhe com isso?

Longas relações conseguem atravessar a fronteira do estranhamento, um vira pátria do outro. Amizade com sexo também é um jeito legítimo de se relacionar, mesmo não sendo bem encarado pelos caçadores de emoções. Não é pela ansiedade que se mede a grandeza de um sentimento. Sentar, ambos, de frente pra lua, havendo lua, ou de frente pra chuva, havendo chuva, e juntos fazerem um brinde com as taças, contenham elas vinho ou café, a isso chama-se trégua. Uma relação calma entre duas pessoas que, sem se preocuparem em ser modernos ou eternos, fizeram um do outro seu lugar de repouso. Preguiça de voltar à ativa? Muitas vezes, é. Mas também, vá saber, pode ser amor.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Big Brother Ludy 2009!

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Nem todos os finais são felizes.


- Dia 07/01, com o apoio da CTL Guadalupe, nós do Fala Cidade (SBT), conseguimos atender o apelo da família e do próprio menino Anderson, de ser internado para se recuperar do vício das drogas. Dia 13/01, recebo a notícia que por vontade própria Anderson deixou à clinica, sem dizer para onde ia, sem comunicar a família.

21 anos. Viciado em craque. Que futuro teria?
Mas Deus lhe deu mais uma chance.
Como entender então, se Deus lhe deu a chance, por que ele não se permitiu?
Talvez jamais conseguirei entender, afinal tenho uma boa família, bons amigos, uma vida confortavél, não tenho vícios, ao contrário do garoto, só sei que me senti perdendo a batalha junto com ele.
Conversando com minha amiga Maria, que trabalha na clínica, percebi que existem vários "Andersons", e todos os dias se rendem, perdendo as batalhas contra esse vício maldito, às vezes com finais ainda mais tristes.
Agora fico aqui, engolindo seco e repetindo pra mim mesma:
" Ludy, seja forte! "
Muitas famílias me procuram diariamente, com inúmeros problemas, graças a Deus conseguimos ajudar em 80% dos casos, e isso me torna uma pessoa muito realizada. No caso do Anderson eu consegui ajudar, mas não sou daquelas que diz "Se dane então, eu fiz a minha parte". A preocupação vai além do que vocês veêm diariamente naqueles 45 minutos na TV. Tem toda uma carga emocional, um envolvimento, um carinho por cada caso.
Sem mais gostaria de agradecer a todos que acompanharam o caso, que torceram, e dizer que sinto muito, que continuarei incluindo essa família em minhas orações. Peço a Deus que os abençõe e os conforte, e que me ensine a aceitar que nem todos os finais são felizes.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Renda-se.


Como se mede uma pessoa? Os tamanhos variam conforme o grau de envolvimento. Ela é enorme pra você quando fala do que leu e viveu, quando trata você com carinho e respeito, quando olha nos olhos e sorri destravado. É pequena pra você quando só pensa em si mesmo, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas: a amizade.
Uma pessoa é gigante pra você quando se interessa pela sua vida, quando busca alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto. É pequena quando desvia do assunto.
Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma. Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por comportamentos clichês.
Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas: será ela que mudou ou será que o amor é traiçoeiro nas suas medições? Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande. Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo.
É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos. Nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de ações e reações, de expectativas e frustrações. Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente, se torna mais uma. O egoísmo unifica os insignificantes.
Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande. É a sua sensibilidade sem tamanho.
Portanto renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Eu quero muito mais.

Eu quero muito mais, e se não pode me dar, basta.
O pouco que me concede não me contenta.
Chega de esperar e aceitar.
Seu tempo não deve ser o meu, não devo me adaptar a seus costumes.
Se quero agora, agradeça e faça.
Não pode fazer? Sinto muito.
Não vou esperar mais do menos.
O menos não me contenta então, .
Antes que crie raizes suficientes a ponto que eu comece a ceder, e resolva aceitar seus defeitos, agir ao seu tempo, e me contentar com seu pouco.
Sou muito mais do que imagina então não aceito teu pouco.
Culpa minha sim, pois a primeira impressão que tive foi mais do que você era, e esperei mais do que tinha a oferecer.
Mas me perdôo por ter enxergado a tempo de botar um ponto final no que talvez nem tenha tido um parágrafo inicial.
O problema é que quero muitas coisas pequenas, então pareço exigente. O problema é que não amadureceu o suficiente a ponto de saber até que ponto deve ceder.
Cobrar mais é um direito. Um direito de quem sabe se doar mais.

( 4h28 da manhã. Sim, bebi.)

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Busco.


"DA FELICIDADE:
Quantas vezes a gente, em busca da ventura,
Procede tal e qual o avôzinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura...
Tendo-os na ponta do nariz!"
(Mário Quintana)


Busco no novo uma motivação.
As vezes me pego buscando algo que nem sei o que é, talvez eu descubra quando encontrar. Ou não.
A busca faz parte da vida da gente, mas cansa.
Busco uma forma de não criar expectativas.
Busco uma forma de não me decepcionar mais.
Mas é difícil.
Desde quando nascemos, nossa vida é um acúmulo de decepções, descobrimos que nem tudo que parece ser é, nós não chegamos a esse mundo no bico de uma cegonha, coelhinhos não botam ovos de chocolotate, quem traz nosso presente de natal não é o papai noel, é o papai real, que por sua vez não é um herói, falha e decepciona como todos os outros homens do mundo.
Visto tudo isso, busco esperar menos.
Esperando menos da vida sempre estaremos satisfeitos com o que ela nos dá, por menor que seja.
Esperando menos das pessoas seremos gratos as pequenas manifestações de carinho, ao invés de nos queixarmos de não termos recebido tudo aquilo que desejávamos.
O valor maior está nas pequenas coisas. Tudo o que pode realmente te fazer feliz nessa vida é totalmente grátis.
Por hoje, busco entender tudo isso.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Eu sei duvidar.

É uma pena que as pessoas não tenham fé nas certezas que a vida apresenta. As dúvidas são tão mais sedutoras assim?
Acreditar é realidade existente no lado invisível das situações, ao mesmo tempo, duvidar é a essência do que não se pode tocar, do que não se pode enxergar, daquilo que não é tangível.
Mas então, qual é o limite possível entre o fato e a suposição? Onde se encontra a linha estreita entre a verdade e a pura ilusão?
Ter a certeza é não duvidar. E no que sua mente é capaz de se agarrar? Na dúvida? Se duvida, então não acredita.
Impor diferenças é sonho de se chegar na igualdade.
E que interessante é não ter certezas!
A dúvida prende, instiga, excita e desperta tão facilmente... Suga uma mente de sabedoria, que não resiste a tentação de se entregar... E os despreparados se afogam nas incertezas tão mais acessíveis de se encontrar...
A dúvida é sempre o início.

É sempre alí que ela começa. E move sua mente aos delírios da imaginação: ora sorrisos por bons pensamentos, ora os prantos pela descrença.
Por que não dizer que duvidar é natureza do ser humano?
E ao mesmo tempo, quase intocável, tão escondida, mora a certeza na intimidade de cada ser.
O que é duvidar? É mudança, é alternância, paixão. Quanta dúvida ocupa a paixão! Se estou apaixonada, então sei duvidar. Porque a paixão é a incerteza entre o desejo e o amor. E então espero meu telefone tocar... E o encaro as mesmas milhares de vezes, pra ter a certeza de que quem eu quero não me ligou... e se me ligou, o encaro mais as mesmas milhares de vezes pra ter a certeza de que quem eu quero ligou... Não tenho dúvidas então, ou atendi, ou não atendi ao telefonema. E por que motivos confiro tanto as ligações recebidas? Que certeza é essa?
É a incerteza da paixão...
A PAIXÃO AVASSALA. Entra assim, sem pedir licença. Não bate na porta, não tem preparo, não traz sinais. Quando é notada, já te ocupou por inteiro... E o primeiro sintoma já denota sua existência. Mas a paixão não era uma dúvida? E não deixa de ser. Estar apaixonado é não ter certeza nenhuma:

"Será que preciso daquela pessoa?"
"Será que isso não vai passar?"
"Será que a amo?"
"Será que é recíproco?"
"Por que a quero?"
"Por que sinto tanto desejo?"
"Por que ela?"


Ah, como é gostoso se apaixonar!
Muitas e tantas vezes. Para aprender, para ensinar, para ter dúvidas e nenhuma certeza.
É o jeito de olhar, a forma de rir. A tentação, a vontade, o desejo incontrolável. A paixão tem a ver com o cheiro da pele, com o penteado, com as roupas, com as gírias, com as manias e com o humor... Estar apaixonado é pensar sem parar, é querer toda hora, é não conseguir ficar sem... É desespero de tanta vontade de ter por perto. É duvidar e não ter a certeza se vale a pena tentar.
Porque a paixão chega sem avisar, mas some na hora errada. E quando se vai, não deixa rastros, apenas marcas de que existiu.
A paixão é tão traiçoeira, inteligente, exigente, e misteriosa, fantasticamente gostosa!
Me apaixonaria por toda vida, por muita gente, por quase tudo:
- Se esse fosse meu dom.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Ansiedade.

"Amor é quando a paixão não tem outro compromisso marcado;
Ansiedade é quando sempre faltam muitos minutos para o que quer que seja"
Mario Quintana


Ansiedade, eis meu maior defeito.
Quem me conhece sabe, não vou me estender falando mal de mim aqui, rs. Comecei a me preocupar pois não vejo nada de positivo nisso.
Prometi este ano me permitir, e fiz. Vivi uma semana que mais parecia um mês.
- Como couberam em tão pouco tempo tantos acontecimentos?
Depois de tanto me permitir comecei me condenar e sentir algo que a princípio pensei que fosse medo, porém, sei bem que o medo é a resposta a uma ameaça conhecida, definida, já a ansiedade é uma resposta a uma ameaça desconhecida, vaga.
Bingo, é isso que sinto!
Ótimo, defini. Agora o mais importante eu não consigo: Lidar com isso.
Até que ponto devemos receber o novo de braços abertos?
Não é fácil ignorar todo um passado e ir achando que tudo que virá veio porque Deus quiz e será perfeito, sem receio algum.
A ansiedade faz a gente perder o juízo, assusta, cega, tira o sono, acelera tudo, dá calafrios.
Às vezes acho que ansiedade também pode ser chamada de paixão.